[Crise] Líder de El Salvador confirma o posicionamento misógino de seu país

GOMUN 2017

Na manhã desta sexta-feira, dia 27 de outubro, vieram a público declarações de teor misógino em relação a política, proferidas pelo líder de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, durante uma entrevista concedida no ano de 2016. Nas recentes sessões do SOCHUM, a representação de El Savador tem demonstrado uma postura progressista e a favor de direitos da mulheres, caracterizando uma contradição em relação a política externa do país, a sua realidade social e às opiniões expressas pelo seu governante.

Este país encontra-se na lista mundial dos países mais mortais para as mulheres,  além de se encontrar em primeiro lugar no ranking mundial de violência contra a mulher. Estupros são parte constante da rotina das salvadorenhas. Em 2016, 524 mulheres foram vítimas de feminicídio, mas esse número subestima a extensão do massacre. Somente os corpos que são levados para necrotérios são contados, não aqueles encontrados desmembrados em despejos clandestinos.

Segundo estatísticas, três a cada quatro atos de violência sexual acontecem dentro da casa das vítimas, seja por seus maridos, pais, tios, vizinhos ou conhecidos. A situação de violência sexual envolvendo menores de idade também é preocupante: sete em cada dez vítimas são menores de 20 anos. Além disso, em caso de gravidez, as mulheres possuem menos aparatos legais: o aborto é considerado ilegal mesmo em caso de estupros ou quando a mãe corre risco de vida, sendo passível de 30 anos de prisão.

El Salvador além de ser um dos países mais violentos do mundo, é um dos piores lugares para a vivência de mulheres. Uma das práticas mais cruéis do país é a constante prisão de mulheres que sofreram aborto espontâneo. A realidade chocante está sendo cada vez mais noticiada, assim como podemos perceber no vídeo divulgado pelo jornal The Guardian. 

Um dos casos que mais chocou a sociedade civil, foi a recente prisão de uma salvadorenha, Santana Gonzáles. A polícia justificou a detenção após a vítima abortar espontaneamente a caminho do hospital e na chegada ao Centro Materno de San Salvador. A abordagem ocorreu enquanto Gonzáles recebia atendimento sob regime de prisão declarado. Esses são somente um dos alarmantes casos de prisão por aborto espontâneo, que são justificados juridicamente como sendo intencionais, caracterizando uma tentativa de homicídio.

Um país com esta postura ambígua em relação as questões referentes aos direitos das mulheres, merece ter a garantia de representatividade nas discussões propostas pelo SOCHUM?

Imprensa

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Post organizado por delegações do Comitê de Imprensa no GOMUN 2017